Sei que não sou a pessoa mais correta que existe, pelo contrário. Cometo erros e faço coisas que quando pequena me ensinaram a não fazer, não dizer. Mas eu sei o que é correto pra mim e para as pessoas que eu AMO. Então tento de tudo pra nunca desagradá-las , porque eu detestaria se fizessem comigo. Eu mais do que ninguém sei o que me faz bem. Me considero justa. E penso que ninguém deve fazer algo para alguém se não quiser que passe pelo mesmo. Assim a existência da desconfiança não existirá. Só que as vezes me decepciono, e sei que todos ja se decepcionaram com alguém. Mas eu queria que essas pessoas que eu considero importante tivessem a consciência disso e soubessem como é ruim ;/
tears dry on their own ♫
"Por que escrevo ? Porque é a minha vingança contra todas as palavras e sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale nada" - por Tati Bernardi
Quem sou eu
- ≠ Jayne Marzochio
- Votuporanga, SP, Brazil
- "Um dia estarei curada e hei de transformar essas feridas em trágicas comédias"
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Sexta-Feira, 24 de setembro de 2010
AAAAAAAAH ontem ela esteve aqui passando a tarde inteira comigo *-*
Fiquei extremamente feliz.
Ouvir a voz dela, conversar sobre assuntos bobos e importantes. Rir. E ter a EXTREMA paciência de ficar esperando ela escolher sapato. Eu realmente não sirvo pra isso; pra esperar, teer paciência ;s
E se tudo der certo vejo ela de novo rápido ou pelo menos no meu aniversário. *-* (Odeio a ideia de ficar mais vellha --')
Não tinha dado certo dela vir na quarta, então veio ontem. Em compensação minha prima Nati veio passar a tarde comigo. @.@ Tentamos assistir filme, mas não houve muita colaboracão da parte do filme :x .
Agoora, vou me arrumar e passar a tarde e a noite inteiira com o Mô *-* <3
Ps: Loooly eu tee amo muito. Melhor amiga. Meu alicerce ♥
Obrigaada por ter vindo!
Girlfriend !
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Dalle
Estou com saudade da Dalle ;s
Quando ela chegou em casa, no primeiro dia que o Ghost a trouxe *-* ela chorava, chorava e só chorava, super manhosa. Com o passar do tempo ela foi se acostumando, crescendo e aprendendo a ser uma mau carater. Hoje ela foge, fica fora de casa uns 2 dias e sempre aparece no final na vizinha.
Na noite de sábado(18) ela sumiu de novo. E fico pensando: como ela consegue pular o telhado da vizinha de baixo sem se machucar ? Tudo bem que ela está sem 2 dedinhos ><. Mesmo ela me mordendo quando não a deixo dormir, mordendo tooodooos. Eu a amo. e sempre ela volta. Mas assumo que estou com medo, porque ela ainda não voltou. E já fui todos esses dias na vizinha procurá-la !
</3
MAAAAAAAAAAAAAAAAS... em compensação; amanhaã a Looly vaai estar aqui em Votuu. Passando a tarde comiigo. *-*
(L)arissa <3
domingo, 19 de setembro de 2010
Domingo, 19 de setembro de 2010
Aconteceram tantas coisas nos últimos tempos e tudo ajudou a formar o que sou hoje e que provavelmente vou continuar a ser pro resto da vida. Não tem como fugir mais, o molde está pronto e trancafiado.
Sou aquilo que quero ser e não quero que questionem o que eu faço. Eu faço aquilo que chamo de felicidade (por mais que não acredite o tempo todo nela) e não importa se não estou no caminho certo, pois enquanto eu achar que estou, pra mim faz sentido e é isso que importa.
Não gosto de olhar pra trás, nem de tentar adivinhar o que vai ser do amanhã. Olhar para o ontem me assusta, por isso procuro sempre olhar para frente. Nem pro chão olho mais, pois se tiver que cair, caio de uma vez e não fico procurando formas de não me machucar.
Há tempos minha ficha caiu, percebendo que a vida é escrita em linhas muito tortas. Escrevi minha história entre dramas e crises intensas, tentando sentir na pele todas as sensações de uma só vez. E como o Ghost mesmo fala : você é muito complicada, é louca. E vejo que ele sempre tem razão. Mas estou sempre tentando me estabilizar mais e mais, sempre. E percebendo o significado mágico que cada lembrança, lágrima, sorriso, paixão, decepção, ódio e amor tiveram.
Não há porque estragar nada, somente caminhar de cabeça erguida para o futuro que está finalmente nas minhas mãos.
Sou aquilo que quero ser e não quero que questionem o que eu faço. Eu faço aquilo que chamo de felicidade (por mais que não acredite o tempo todo nela) e não importa se não estou no caminho certo, pois enquanto eu achar que estou, pra mim faz sentido e é isso que importa.
Não gosto de olhar pra trás, nem de tentar adivinhar o que vai ser do amanhã. Olhar para o ontem me assusta, por isso procuro sempre olhar para frente. Nem pro chão olho mais, pois se tiver que cair, caio de uma vez e não fico procurando formas de não me machucar.
Há tempos minha ficha caiu, percebendo que a vida é escrita em linhas muito tortas. Escrevi minha história entre dramas e crises intensas, tentando sentir na pele todas as sensações de uma só vez. E como o Ghost mesmo fala : você é muito complicada, é louca. E vejo que ele sempre tem razão. Mas estou sempre tentando me estabilizar mais e mais, sempre. E percebendo o significado mágico que cada lembrança, lágrima, sorriso, paixão, decepção, ódio e amor tiveram.
Não há porque estragar nada, somente caminhar de cabeça erguida para o futuro que está finalmente nas minhas mãos.
sábado, 18 de setembro de 2010
PIN UP
Dita Von Teese |
As pessoas de hoje julgam demais e não olham seus próprios defeitos e vontades reprimidas. Isso faz com que as pessoas julguem as que tem coragem de serem o que querem e fazer o que gostam.
Uma vez, conversando com uma pessoa que não quero citar o nome, ela própria assumiu que não gostava do meu jeito e considerava VULGAR. E o que seria VULGAR ? A maneira de uma pessoa se vestir ou agir ? Um conjunto dos dois ? Ninguém me conhece de verdade pra saber como sou. E as pessoas que conhece, entendem.
Pra mim espartilhos, cinta liga, persex, meia 7/8, lingerie são acessórios essenciais. Gosto de Strip, fotos sensuais, mulheres que não tem vergonha de assumir o que realmente gostam. Sou feminista, detesto machismo e acredito que homens e mulheres devem ser igualitários.
Fico fascinada com as pin up. Mulheres entre o caminho: ingenuidade e malícia. Acho simplesmente apaixonante e uma das mulheres que considero um símbolo desse termo é a Dita Von Teese, responsável pela reinvenção da estética pin-up dos anos 40 e 50 e do termo "burlesco" associado à arte ancestral do strip-tease. Ela é uma fetichista assumida, modelo, atriz e chegou a escrever um livro duplo chamado: Burlesque and the Art of Teese/Fetish and the Art of Teese.
Há outros nomes como: Betty Grable, Betty Page, Marilyn Monroe, Rita Hayworth, entre outras.
Dita Von Teese é conhecida também por protagonizar o espetáculo que inclui um banho numa taça enorme de Martini. É ex mulher do Marilyn Manson, com quem chegou a fazer uma participação no clip “Mobscene” e dona de um estilo próprio e feminilidade.
Frases de Dita :
- “Podemos não nascer naturalmente bonitos, mas podemos criar glamour e elegância"
-"Não andamos por aí nus como viemos ao mundo, não é? Podemos escolher a forma como queremos que o mundo nos veja"
-"Viva a sensualidade feminina"
-"Lingerie não deve ser algo que você coloca pro seu amante; você deve fazer isso por você. Não é algo sobre seduzir homens, mas sobre abraçar sua feminilidade”.
-"Não andamos por aí nus como viemos ao mundo, não é? Podemos escolher a forma como queremos que o mundo nos veja"
-"Viva a sensualidade feminina"
-"Lingerie não deve ser algo que você coloca pro seu amante; você deve fazer isso por você. Não é algo sobre seduzir homens, mas sobre abraçar sua feminilidade”.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
GIRLFRIEND
Larissa Prado <3
Certeza Permanente
O tempo passa e muda quase de uma maneira surreal. Foram bons tempos ao seu lado. Tempos que vão ficar para sempre no projetor da memória. Com quem aprendi muito. E sei que o futuro vai proporcionar melhores momentos ainda. Porque ele proporciona nas poucas vezes que vejo você.
Mesmo com as mudanças que as pessoas ao nosso redor tiveram e meus sentimentos por elas que mudaram, você foi a única que manteve sempre INTACTO, sem nenhum arrãozinho. Não nos vemos muito, isso que você mora numa cidadezinha aqui do lado, e por conta disso sempre sinto sua falta. Em todos os momentos. Mas você esta sempre ao meu lado, sabe tudo da minha vida, dos meus problemas e traumas. Sabe de tudo que carrego e eu sei de você. Você me tranquiliza e sabe exatamente o que dizer, indepentente se eu vou ficar com raiva, mas eu sei que é apenas pelo meu melhor.
Podem me tirar tudo que tenho, mas jamais vão tirar o que está dentro de mim, e você ocupa uma das maiores partes existentes.
Amizade de 3 anos que nunca ninguém conseguiu destruir, mesmo com tudo que já passamos.
Irmã de espécie. HSAUISHUAHSUAHSU
sempre entendemos o que a outra sente e toma as dores.
Nunca vou abandonar você. Nunca abandonei e sempre vou estar do seu lado, pra tudo que precisar.
TE AMO TEE AMOO. GIRLFRIEND! ♥
• estou sentindo sua falta. tudo que eu queria é que você estivesse agora ao meu lado e que eu estivesse ouvindo a sua voz. Ouvir suas loucuras e rir de todas dela, ver você sorrindo. Sua risada(gargalhadas) apaixonante *-*. saudade saudade SAUDADEE </3
Certeza Permanente
O tempo passa e muda quase de uma maneira surreal. Foram bons tempos ao seu lado. Tempos que vão ficar para sempre no projetor da memória. Com quem aprendi muito. E sei que o futuro vai proporcionar melhores momentos ainda. Porque ele proporciona nas poucas vezes que vejo você.
Mesmo com as mudanças que as pessoas ao nosso redor tiveram e meus sentimentos por elas que mudaram, você foi a única que manteve sempre INTACTO, sem nenhum arrãozinho. Não nos vemos muito, isso que você mora numa cidadezinha aqui do lado, e por conta disso sempre sinto sua falta. Em todos os momentos. Mas você esta sempre ao meu lado, sabe tudo da minha vida, dos meus problemas e traumas. Sabe de tudo que carrego e eu sei de você. Você me tranquiliza e sabe exatamente o que dizer, indepentente se eu vou ficar com raiva, mas eu sei que é apenas pelo meu melhor.
Podem me tirar tudo que tenho, mas jamais vão tirar o que está dentro de mim, e você ocupa uma das maiores partes existentes.
Amizade de 3 anos que nunca ninguém conseguiu destruir, mesmo com tudo que já passamos.
Irmã de espécie. HSAUISHUAHSUAHSU
sempre entendemos o que a outra sente e toma as dores.
Nunca vou abandonar você. Nunca abandonei e sempre vou estar do seu lado, pra tudo que precisar.
TE AMO TEE AMOO. GIRLFRIEND! ♥
• estou sentindo sua falta. tudo que eu queria é que você estivesse agora ao meu lado e que eu estivesse ouvindo a sua voz. Ouvir suas loucuras e rir de todas dela, ver você sorrindo. Sua risada(gargalhadas) apaixonante *-*. saudade saudade SAUDADEE </3
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
CLARICE LISPECTOR
PERDOANDO DEUS
Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso “fosse mesmo” o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado poderia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.
Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar – não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele – mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.
… mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
- Felicidade Clandestina.
Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso “fosse mesmo” o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado poderia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.
Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar – não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele – mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.
… mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
- Felicidade Clandestina.
• Simplesmente admiro a Clarice Lispector e todas as suas obras. E essa "Perdoando Deus" nunca me canso de ler, posso ler várias vezes e sempre parece ser inédito. Tudo que sai dos seus pensamentos e vão para os papéis é exatamente o que eu sinto. E esse conto ainda mais.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
O que eu posso esperar do mundo?
Talvez as pessoas não enxerguem como é assustador lá fora ou talvez não se importam com essa selvageria.
Houve um tempo que eu acreditei que viver seria simples e agora vendo os fatos vejo como me enganei.
Assumo: tenho medo de crescer, das responsabilidades e com elas fracassar. E um desespero me ataca quando penso que o mundo não para.
Será que essas pessoas que vivem com essa carga de responsabilidade são felizes? Por que o mundo sempre acha que o certo é saber pra onde se deve ir? Que se eu souber já não terá tanta graça, mas se não, posso dar de cara com as dificuldades que podem mostrar que não sou tão forte como pensam alguns; como me sinto.
O que seria felicidade? O que seria uma pessoa realizada? Chegar na velhice aposentada com bens materiais e uma família aparentemente feliz? Pra chegar no final e não poder levar nada comigo? Perder todo esse tempo e no último dia da minha vida não fará diferença. Como se eu fosse pensar no que tenho em material. Só vou pensar nas pessoas, nos momentos, nos meus amores, vícios; o que fizeram a diferença. E é por isso que me importo e muito com tudo que é válido pra mim. Tudo que me consome.
Talvez as pessoas não enxerguem como é assustador lá fora ou talvez não se importam com essa selvageria.
Houve um tempo que eu acreditei que viver seria simples e agora vendo os fatos vejo como me enganei.
Assumo: tenho medo de crescer, das responsabilidades e com elas fracassar. E um desespero me ataca quando penso que o mundo não para.
Será que essas pessoas que vivem com essa carga de responsabilidade são felizes? Por que o mundo sempre acha que o certo é saber pra onde se deve ir? Que se eu souber já não terá tanta graça, mas se não, posso dar de cara com as dificuldades que podem mostrar que não sou tão forte como pensam alguns; como me sinto.
O que seria felicidade? O que seria uma pessoa realizada? Chegar na velhice aposentada com bens materiais e uma família aparentemente feliz? Pra chegar no final e não poder levar nada comigo? Perder todo esse tempo e no último dia da minha vida não fará diferença. Como se eu fosse pensar no que tenho em material. Só vou pensar nas pessoas, nos momentos, nos meus amores, vícios; o que fizeram a diferença. E é por isso que me importo e muito com tudo que é válido pra mim. Tudo que me consome.
Apenas mais uma experiência!
Pensar na minha vida de uns tempos para cá, so me fez perceber que nada, nada fica aqui para sempre. As vezes as pessoas simplismente cansam... desaparecem, dão um tempo, e quando somem de nossas vidas, as vezes nos não sabemos porque. Mas é assim, tudo passa, tudo é uma fase, uma experiência, e no final acaba sendo apenas lembranças. E por esse motivo, entre outros como adorar escrever, estou criando o Blog.
Assinar:
Postagens (Atom)