2008 |
Não posso sorrir todos os dias, não posso estar sempre em comando das situações. Bato a canela em uma quina e preciso lidar com a dor. Algumas situações derramam realidade: você cai de joelho e o sangue aparece, e daí você precisa chorar.
Eu costumava chorar por dias a fio, exposta aos germes dos meus sentimentos. Eu costumava deixar meu corpo jogado às traças. Gosto de pensar que cresci, mas ainda não posso me desconectar e achar que tudo tem somente 15 minutos de estrelato. Apesar da sociedade, apesar dos programas na televisão, apesar das revistas de fofoca. Eu gosto de pensar que aquilo que passa deixa uma marca, que são pequenos pedaços de um quebra-cabeça, exato!
Gostaria de entender este universo contraditório que me rodeia, esta personalidade dupla que me abraça. Gostaria de escrever textos incríveis todos os dias, gostaria de escrever os melhores livros do mundo. Gostaria de sempre fazer críticas significativas. Gostaria de não precisar errar, mas eu não posso, o erro é o clímax do acerto. Conforme o relógio bate, tudo sempre poderia ter sido melhor, mas não devo olhar para trás, não posso viver a vida com os olhos grudados no retrovisor.
Quero sim ser uma boa pessoa e sei que às vezes decepciono a mim mesma. Faço coisas e deixo a excitação me afagar, mas não posso me arrepender, preciso me aceitar.
Não gosto deste sentimentalismo barato que me ataca, não gosto de ficar nua para tanta gente me assistir, mas sou assim. E a única coisa que importa realmente, quando as luzes se apagam, é a fidelidade que tenho a mim mesma, aos meus defeitos e qualidades, aos dias em que me sinto enorme, aos dias que me sinto uma formiga. Por mais clichê que possa parecer. Mas somos todos clichês, somos humanos, os criadores desta busca incansável por realização. Sorrimos com os pequenos goles de ar de felicidade e depois deixamos dormir, até que o próximo sobressalto aterrisse.
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